sábado, 14 de setembro de 2013

E eu, apareci?

[ E a música não poderia ser outra... Clique e ouça: Closing Time - Semisonic ]

E eles tinham mesmo essa mania de sempre perguntarem um ao outro se haviam "aparecido" naquele momento em que estavam fazendo com outra pessoa, aquilo que às vezes faziam juntos. Eles eram amigos, entre eles existia uma regra não dita: É apenas físico. Sem emoções. Essa regra lhes permitia tirar o que há de melhor de um relacionamento, o sexo sem cobranças, as conversas despreocupadas e as perguntas sem respostas erradas.

- E então, apareci? - pergunta ele, fazendo menção à noite anterior, em que ela já havia lhe dito que iria sair com alguém.

- Apareceu sim. - responde ela, sabendo que não há mal algum em ser sincera com ele.

- Gosto de saber. - ele responde.

- E eu, apareci?

- Apareceu sim. - ele responde. Fazendo ela ficar feliz por saber que aparece na mente dele nos momentos em que ele está transando com outra pessoa.

E quase toda semana, a pergunta se repetia, eles saiam, curtiam e ficavam, mas, não era um relacionamento e por não ser, cada um seguia, curtindo também, outras pessoas.

- E aí, rolou "festinha" esse final de semana? - ele pergunta.

- Rolou sim.

- Apareci?

- Eu, apareci?

- Na última apareceu sim. - ele responde. Algo nessa resposta a fez estremecer, ela ainda não sabia o quê. - Teve um acontecimento que te fez presente. - completa ele.

- Agora fala o acontecimento. - ela pede, ainda sentindo aquela coisa estranha.

- Sofá. Ela por cima e por coincidência, tocou uma das músicas do CD que a gente ouviu no meu carro. "I Know Who I Want To Take Me Home"

Oh, Merda! Ela pensa, ao sentir uma estranha pontada no peito. Algo está muito errado.

- Golpe baixo isso. Closing Time. Música do meu filme favorito. - ela diz, fazendo menção ao filme Amizade Colorida. Curiosamente, a história é sobre dois amigos que experimentam o tal do sexo casual. - Que hora para aparecer. Ou que hora para ela tocar. - ela responde, controlando a dor insuportável que se instalou dentro dela.

- Muita coincidência. Agora me responde, eu apareci?

- Apareceu sim.

- Não sei por que, mas adoro saber isso.

- Acho que não gosto mais não. Não vou mais perguntar. - ela responde, na tentativa inútil de fazer voltar para dentro, uma lágrima que teima em sair.

- Por quê?

É claro que ela não podia explicar para ele o por quê. - Sei lá, foi estranho.

E desde então, ela nunca mais perguntou. Ela espera que ainda apareça para ele como ele ainda aparece para ela. Ela agora não pergunta mais porque saber que ela aparece significa que não é ela que está com ele e desde que ela sentiu aquela coisa estranha, ela percebeu que tudo o que ela mais queria é não aparecer para ele e sim, estar com ele.

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