segunda-feira, 2 de setembro de 2013

As famosas quatro paredes

[ E que tal ler esse post ao som de Tracy Chapman - Fast Car]

Entre as famosas quatro paredes, ela não hesita em ser para ele tudo o que sempre quis ser. Entre sorrisos e beijos, ela se solta e dá asas para os seus desejos e suas vontades. Entre uma música e outra, ela não tem vergonha de olhá-lo nos olhos e passar suas mãos pelo seu peito nu. Entre o chuveiro e a banheira, ela se sente confortável ao lado dele, entre as trocas de olhares, ela sorri. Entre as famosas quatro paredes, ela é ela, ela é quem ela nunca havia sido antes e Deus, como ela ama ser ela mesma ao lado dele.

Fora das famosas quatro paredes, um muro invisível se faz ao seu redor, tudo o que ela é, deixa de ser e de existir, o medo a domina, a vergonha a manipula, a insegurança a paralisa.

Outro dia ela enviou para ele uma mensagem, pedindo que ele a acompanhasse até o seu carro, que estava em uma vaga no escuro no estacionamento da faculdade. Já era noite, ela estava com medo, medos bobos talvez, e pelo medo, enviou a mensagem, mas, ela não sabia que o medo mesmo viria depois. Medo dele não responder. E por esse medo, ela decidiu ir sozinha. Teve medo e não aguentou esperar pela resposta, o medo do escuro estacionamento foi menor do que o medo do silêncio.

Ela tem mesmo esse jeito estranho de ser, tira a roupa para ele mas tem vergonha de chamá-lo para tomar um café no fim do dia, entra no carro dele, mas tem vergonha de lhe pedir uma carona sem a tal da segunda intenção, anda de lingerie para ele e tem vergonha de convidá-lo para um almoço descompromissado, olha nos olhos dele durante o amorzinho, mas, se esconde dos seus olhares pelos corredores. 

Ela tem mesmo esse jeito bobo de ser, só ela sabe das quantas coisas que quis fazer com ele e por medo, deixou de fazer. Só ela sabe o quanto as famosas quatro paredes a libertam e o quanto o invisível muro a sufoca e a paralisa.





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