Mas eu lembro exatamente do que senti naquele dia.
O nosso primeiro beijo não foi um beijo de cinema com direito a trilha sonora de fundo – mas se eu pudesse escolher, teria escolhido Chasing Cars – ele foi tenso. Duro. Repleto de anseios, vontades e medos.
E ainda assim, foi o melhor primeiro beijo da minha vida.
As suas palavras não eram doces como um pudim de leite. Ele não tentou me ganhar recitando Drummond ou Shakespeare. Ele foi sincero desde o começo, demonstrando a sua total ineficiência e inabilidade em ser um verdadeiro príncipe.
E eu nem mesmo queria que ele o fosse.
Quando me tocou, ele não exaltou o quão suave era sentir a minha pele sob os seus dedos. Ele simplesmente sorriu e naquele momento eu fui dele, eu me entreguei a ele no exato instante em que senti que já não fazia mais sentido me esconder dentro de mim mesma. Eu apenas senti o seu toque e palavra nenhuma precisou ser dita para representar aquele momento de entrega e redenção.
Ele não se agachou sobre os seus joelhos e estendeu para mim uma caixa de veludo preta com um anel de diamantes dentro. Não houve pedido de casamento. Nem namoro. Ele apenas pediu para que eu o deixasse pertencer ao meu mundo e esse, foi um pedido silencioso.
E eu deixei.
O que tivemos, não teve rótulos. O que sentimos, não foi falado. O que vivemos, foi apenas, vivenciado. Onde cada minuto ao lado dele, era um minuto de felicidade. Cada sorriso dado foi com toda certeza o meu sorriso mais verdadeiro. E cada lágrima, a mais dolorida.
Mas acabou. Não teve um final feliz, e tampouco infeliz. Apenas teve um fim e, nós fomos um do outro sem sermos. Sem expectativas. Sem cobranças. Sem sonhos irreais, tudo porque ele não era um príncipe encantado e nem eu a Cinderela.
Texto publicado no site Puta Letra - Aqui