quinta-feira, 12 de março de 2015

O dia em que eu soube que era amor



Era para ser só mais uma transa, sabe?
Não que eu não esperasse que ela fosse intensa ou maravilhosa porque todas as transas com você foram assim ,mas eu não esperava sentir o que senti. Foi mais do que eu posso expressar em palavras.

Foi com uma troca de olhar que tudo começou. Tudo começa com uma troca de olhar não é mesmo? -Ou de um sorriso - mas com  gente foi o olhar mesmo. Nem foi assim aquele tipo de cena de cinema onde tudo congela ao redor, nós apenas nos olhamos por alguns segundos antes de trocarmos a primeira palavra.

- Bom dia. - Você disse. Na época eu não sabia que esse bom dia viria a ser o meu combustível matinal para aguentar seja lá o que o dia havia reservado para mim.

Eu respondi com um bom dia.

Um pouco envergonhada, eu sei. Desde o primeiro dia você me afetou ao ponto de me deixar encabulada perto de você.

Em pouco tempo, eu estava vivendo a melhor transa da minha vida. Mas era só transa afinal eu não queria me envolver emocionalmente.  Pra que correr o risco de se quebrar novamente?  Eu já tinha uma coleção de rachaduras, não queria mais uma.

A frequência dos nossos encontros casuais foram aumentando. A transa já tava começando a ter outro nome. Da mesma forma que o contato que antes era vez ou outra, começou a ser diário. E você se tornou a minha dose diária de alegria.

E lá estávamos nós, compartilhando Segredos. Sonhos. Vontades.

E foi às dez e meia de uma manhã qualquer que eu percebi o inevitável. Você me segurou pela cintura e me colocou sobre o seu colo e eu congelei. Você não percebeu? Eu lembrei de todos os momentos que tivemos juntos e todas às vezes que suas mãos seguraram assim, firmes na minha cintura e aí lembrei de todos (que não são muitos) os caras errados que já colocaram as mãos nela. Porque cara, você sabe que você é o cara certo, não sabe?

Você revirou os olhos quando eu me afundei em você. Quando já não era mais transa que estávamos fazendo.

Era amor.

E aí, eu já não consegui mais ouvir que música estava tocando de fundo, não consegui mais definir qual era a cor do lençol em que estávamos deitados nem qual era a cor da parede. Eu só consegui me concentrar na sua respiração ofegante e nos batimentos insanos do meu coração.

Era para ser só mais uma transa, mas foi ali, quando os seus dedos entrelaçaram com os meus, que eu disse em silêncio que eu te amava. E eu disse, mesmo sem você ouvir, porque eu tive certeza de que era amor.

terça-feira, 3 de março de 2015

Vai



Assim, vai, mais dessa vez, vai de vez. Vai e leva embora com você tudo o que conseguir levar. O CD dos Beatles. Aquele porta retratos de moldura preta. As minhas lembranças. Os nossos momentos. Se possível, leva também as minhas lágrimas.

Eu já não tenho mais como te pedir para ficar. Eu já nem sei se quero mais que você fique. Acho que hoje, a única coisa que quero é que você vá e me deixei aqui, enrolada nesse lençol de flores roxas curtindo a minha deprê.

Ok. A culpa também é minha. Eu facilitei, eu sei. eu devia ter segurado na sua mão e te pedido para não ir na primeira vez que senti que o estava perdendo, que estávamos nos perdendo. Agora é tarde demais, até mesmo para nós, que nunca acreditamos no "tarde demais".

Quando você chegou, você me fez acreditar que veio para ficar e agora, descobri que na verdade, você quis apenas sentar para uma xícara de café e nada mais. Então, você conhece o caminho. Já o fez milhares de vezes. Abre a porta e tenta não fazer barulho, porque dói tudo aqui, a cabeça pesa e o estômago congela. Abre e fecha a porta como se nunca tivesse estado aqui.

Leva aquele sorriso abobado que só você sabia tirar de mim. Leva esse maldito frio na barriga que agora virou gelo porque já não o quero mais sentir, não sem você aqui para derretê-lo.. Leva também da minha memória aquele dia em que você prometeu que dias como esse, nunca aconteceriam. Leva a sua boxer preta que esta guardada em minha gaveta. O seu pote de balas de menta - que eu nunca gostei mesmo - ele já não tem mais serventia aqui no meu quarto.

Vai e não esquece de levar a sua coleção de O Hobbit, porque olhar para ela me fez lembrar da gente deitado no sofá com um balde vermelho de pipocas em um domingo chuvoso, assistindo a coleção inteira, sem nos preocupar se o celular está tocando, se tem mensagem apitando ou alguém chamando.

Não diga nada, não quero ouvir o seu último adeus. Também não olhe para mim, não quero ter a lembrança do seu último olhar, o olhar que me perdi diversas vezes, quero apenas abraçar-me e deixar-me ser levada para outro lugar. Um lugar onde você ainda me olha com amor e ainda me quer na sua vida. Um lugar que não existe mais.

Então, apenas vai.
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