quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O livro que tudo sabe


Então, sabe o Livro que tudo sabe? Aquele que criei para me dar todas as respostas das quais eu não encontrava em lugar algum?
Ele tem sido útil desde que passei a questionar os porquês da vida.

Se eu pergunto a ele se devo lhe procurar, ele não demora a me repreender e e a dizer com a voz firme e o sotaque estrangeiro, que não. Mas você me conhece melhor do que ninguém, sabe que não me contento com um não, por isso, eu teimo em questioná-lo porquê e com uma voz implacável, ele apenas responde porque é o certo a fazer.

Mas por que ele acha que lhe procurar é errado se você me faz bem?

As coisas que nos fazem bem, que nos deixam felizes, nunca, jamais, deveriam ser erradas.

Sabe, às vezes, nos dias mais solitários, nos dias em que a saudade aperta e as lembranças dominam os meus pensamentos, pergunto a ele se foi real. Se eu, nós, realmente vivemos tudo aquilo que penso que vivemos. Talvez seja porque com o passar do tempo, com a distância, com o afastamento inevitável, a gente acabe perdendo a noção do que fato era verdadeiro e o que era momentâneo. Ele sempre me da a mesma resposta: que somente eu sou capaz de dizer se foi real ou não.

- Será que nós amávamos as possibilidades e não o fato si? - perguntei um dia a ele, afinal pode ser isso, não pode? Aquilo que a gente julgou ser verdadeiro, forte, pode ser na verdade apenas um amor à ideia de nós dois, porque parecia que eramos o casal perfeito, mesmo sendo tão imperfeitos um para o outro, e no fim das contas, a gente talvez tenha amado isso, uma ideia apenas.

Às vezes, o livro que tudo sabe, me irrita um pouco. Fui eu quem o criei, porque ele não pode simplesmente me dar as respostas que quero ouvir?

Quais são essas respostas?

Bom, eu gostaria de ouvir ele dizer que, como na música do Biquíni Cavadão, em algum lugar no tempo, nos ainda estamos juntos. Queria também que ele dissesse que a mesma vontade que tenho de estar com você, você tem de estar comigo, que cada palavra e cada promessa silenciosa, não foi em vão nem tampouco uma brincadeira.

Queria que ele dissesse que ainda haverá tempo para nós e que ele não mais vez ou outra, jogue na minha cara que eu fui covarde demais ao assumir tardiamente os meus sentimentos, que eu os escondi por fraqueza e isso me fez perder você.

- Isso vai passar algum dia? - perguntei a ele certa vez, após ter ouvido o seu nome ser pronunciado por alguns amigos em comum. Naquele momento, só de ouvir o seu nome, meu corpo estremeceu, mergulhado em um misto de raiva e saudades e eu desejei muito que aquilo, que eu havia dado nome há pouco tempo, passasse.

Aquilo era amor.

- Só vai passar quando você realmente deixar que passe. - Essa foi a resposta que o livro que tudo sabe me deu.

Ele é sempre tão enigmático que às vezes penso que na verdade foi você quem o criou. Vocês são tão parecidos.

- E por que você acha que não quero que passe? - perguntei, irritada com a sua quase acusação.

- Porque você é feliz com as lembranças. - respondeu, e se livros sorrissem, eu diria que ele estava sorrindo vitorioso para mim.

É... o livro que tudo sabe, sabe mesmo das coisas. Ele estava certo. As lembranças me deixam feliz, mesmo quando me ferem algumas vezes.


terça-feira, 6 de setembro de 2016

Você terá perdido o amor da sua vida


Ela chegou sem a menor pretensão de ficar. Era para ser apenas mais um passatempo e assim como você, ela não queria se apaixonar. Ela não é dessas que se entrega fácil, ela tem uma certa resistência à paixões destruidoras. Ela também não entende a facilidade com que as pessoas se entregam e entregam seus corações.

Ela não é dessas que você que encontra na balada e leva para a casa para apenas uma noite. Ela é diferente. E não é porque você admira a forma como ela se veste, o jeito que usa o o cabelo ou a forma como ela parece desfilar sobre os saltos. Ela tem um quê a mais, um mistério no olhar, como se guardasse dentro dela algo muito precioso.

Ela te faz sorrir, mesmo quando tudo o que você tem dela são apenas lembranças. Ela é a garota que conheceu o seu pior e não saiu correndo por aí pra fugir de você. Ela te aceitou como você é, com suas confusões, indecisões e seu jeito bipolar de lidar com ela, que faz com que você apareça e desapareça da vida dela tantas vezes, na mesma velocidade de um trem bala, que nem ela mesma consegue acompanhar. Ela aprendeu a lidar com com o seu humor e a entender os seus medos. Ela chegou a sonhar alguns sonhos seus  e isso, meu caro, fez você admirá-la ainda mais. Por que sim, você a admira, você adora o jeito que ela olha pra você, meio tímida meio feroz, adora a forma como ela revira os olhos todas as vezes que você a deixa com vergonha e adora o fato dela ter se entregado a você de uma forma que diz não ter feito com mais ninguém.

Você viu nela um mundo de possibilidades, mesmo contra todas as impossibilidades. Você se pegou imaginando como seria a suas vidas juntos e você se deu conta de que ela é especial quando começou a compartilhar com ela os seus sonhos e também os seus fracassos, isso porque ela nunca o julgou ou o questionou. Ela sempre esteve lá para você, sempre disposta a ouvi-lo, a consolá-lo, a incentivá-lo.

Você não encontra isso em qualquer garota.

Ela não se importa com os dígitos em sua conta bancária, com o seu cargo ou o modelo do seu carro. A unica coisa importante para ela, é você.

Lembra daquele dia em que você estava na bad e enviou uma mensagem a ela mas ela estava sem bateria e viu somente algum tempo depois e quando o questionou, você respondeu que não estava legal, que enquanto tomava banho e pensava na vida, se deu conta de que talvez nunca iria conseguir fazer tudo o que tinha vontade e que isso lhe angustiou e o fez sentir vontade de conversar com ela? Você sabe por que sentiu essa vontade? É claro que você não se deu conta, mas ela já era importante para você.

Você nunca foi o cara idealizado por ela, sempre cheio de metas, parece que tem a vida inteira programada e idealizada em uma planilha, ela sempre foi o oposto disso, adora ser surpreendida pela vida, e tudo bem quando a surpresa não é boa, ela tem uma capacidade incrível de dar a volta por cima quando é derrubada.

Você sempre foi mais razão enquanto ela era pura emoção. Mas você a conquistou e a fez sentir vontade de estar no seu mundo, mesmo com ele de ponta cabeças.

Não perca a chance não de fazê-la feliz. Eu sei que isso pode parecer assustador, mas você é capaz, vocês se amam, e ela não vai esperar para sempre você se dar conta disso, uma hora ela vai cansar e vai desistir. E por mais especial que você seja para ela, ela vai se recuperar, vai se reerguer, e vai seguir em frente, mesmo que no escuro do quarto dela ela ainda lembre de você, algumas lágrimas ainda caiam, ela vai seguir em frente e se isso acontecer, você terá perdido não só a garota que te ama, terá perdido o amor da sua vida.

domingo, 28 de agosto de 2016

E hoje em dia, como é que se diz eu te amo?

Por que é tão difícil dizer Eu Te Amo?

A grande maioria das pessoas está preparada para ouvir, mas, poucos estão preparados para dizer de fato. Isso porque dizer essas três palavras para alguém, é como abrir uma Caixa de Pandora, a gente nunca sabe o que tem dentro, nunca sabe qual vai ser a reação de quem vai receber a nossa frase, e sabemos que dependendo da reação, dizê-las, pode ser algo doloroso.

Quando dizemos "eu te amo", nos colocamos em primeiro lugar, no topo, da pirâmide da vulnerabilidade. É um ato quase que heróico.

Dizer que ama alguém é como arremessar um dardo no escuro na expectativa de acertar o centro do alvo. Implica coragem, autoconfiança, e mais do que tudo, implica a certeza de que realmente se sente o que vai dizer. É oferecer ao outro, uma pequena parte de você e não ter medo de ter como resposta, nada mais do que o silêncio.

Mas, e se existisse outras formas de dizer a alguém que você a ama? Uma forma menos arriscada, ou dolorosa?

Essa forma existe... Alguns a usam porque ainda não se tornaram conscientes dos seus sentimentos, outros, porque possuem dificuldades em expressá-los de outra maneira - através de palavras, e ainda há quem as usam porque têm medo da tal Caixa de Pandora.

A verdade é que a gente se apega a aquelas três palavras que chamamos de mágicas e sem perceber, ignoramos as tantas outras formas de expressão desse sentimento.

Ficamos presos ao som e aos efeitos que elas causam, e nos esquecemos de que existem outras sensações tão boas quanto. Como por exemplo quando ele diz lembrar da roupa que você estava usando no primeiro encontro de vocês, é uma forma dele dizer que ama você.

Quando ele te olha fixamente nos olhos enquanto você abre o seu coração para ele, silenciosamente ele também está se abrindo para você. Sim, ele ama você. Ele só está com medo, acuado, tentando entender o que acontece dentro dele antes de pronunciar tais palavras.

Quando ele se abre pra você, dizendo não fazer isso com mais ninguém, ou quando ele fala pra você sobre os seus medos, seus sonhos e suas inseguranças, ele também está dizendo que te ama. Entenda que fazer isso requer confiança e cumplicidade e esses dois, estão diretamente ligados ao amor.

Quando ele assume que pensa em você mais do que deveria, que sente sua falta quando estão distantes e completa dizendo que sente saudades, é o amor se expressando de uma forma diferente.

Ele te ama, e só ainda não se deu conta disso, quando ele confessa estar com medo do que vem acontecendo entre vocês. Ele te ama, quando conhece cada tipo de olhar seu e cada alteração da sua respiração.

Ele te ama quando deixa escapar que pensar em você da forma como ele pensa, é assustador. Ele te ama quando te incentiva ir além, quando pergunta sobre os seus projetos, sobre a sua vida.

Sim, existem outras formas de dizer eu te amo, talvez, ele já tenha dito e foi você que ainda não percebeu. 

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Eu gosto de você


Eu gosto da forma como você sorri para mim e morde a bochecha, como se fosse um daqueles "tiques", acho que você nem percebe quando isso acontece, também, é tão sutil quanto a sua covinha que aparece junto com o tal sorriso. Gosto também quando diz exatamente o que preciso ouvir, no momento em que preciso ouvir, como se você tivesse uma bola de cristal escondida nas mãos. Você sempre acerta com as palavras. Eu me encanto e "reencanto" com o seu olhar, aquele olhar que segura o meu e faz com que nada mais a minha volta tenha importância. Eu gosto de tantas coisas em você.

Gosto de mim quando estou com você.

E eu gosto de você pra caramba. Um gostar que não pode ser medido, nem pesado. Um gostar que não é quantitativo, e sim, qualitativo. Gosto, porque gosto, sem muitas explicações, sem transformar você em um príncipe encantado, mesmo porque, acho que sou avessa a príncipes encantados, caras perfeitos me cansam. Você não é perfeito. Gosto de você.

Gosto de você "pra cacete". Um gostar maluco, daqueles que faz nascer borboletas no estômago, elas nascem, crescem, brincam de cambalhotas, sobem pelas paredes, me enlouquecem. Gosto de você de um jeito insano e ainda assim, sem perder a minha sanidade. Gosto como gosto de chocolate com menta, gosto, como se não precisasse gostar.

Eu gosto tanto de você, como nunca gostei de alguém. Do avesso, de pernas para o ar, de lado, no escuro e no claro. De dia e de noite. Sim. Eu gosto-te. Como a Elizabeth Bennet gosta do Mr. Darcy em Orgulho e Preconceito, meu livro predileto. Mas, eu gosto mesmo quando parece não brincar comigo e com o meu gostar. Gosto quando você me faz acreditar que vale a pena sentir esse gostar. Gosto, quando você aparece e não desaparece. Gosto, quando você se importa. Gosto, quando você repara.

Gosto, quando você está aqui.

Gosto tanto de ti que posso dizer que gostarei pela a vida inteira, pois, tenho aqui comigo, um estoque inesgotável desse gostar.

Gosto de te olhar, de te abraçar e de te beijar, Gosto de quem me tornei por gostar de você.

Eu gosto de você.

sábado, 16 de julho de 2016

32 Anos de Gratidão


Há exatamente um ano, em meu aniversário, assumi o propósito de todas as noites, ao me deitar, silenciosamente agradecer dez coisas e pedir somente três. Então, comecei a agradecer por estar viva e por coisas que aconteciam comigo naquele dia, semana ou mês.

Alguns meses depois, eu assisti um video onde fazia a seguinte pergunta: E se você acordasse amanhã e tivesse somente aquilo que agradeceu na noite anterior?

Daquele dia em diante, eu percebi que eu não tinha somente dez coisas para agradecer, haviam noites que eram tantos agradecimentos, que ou eu não pedia nada, ou, pedia somente uma coisa. A mesma coisa. Sempre.

Se antes eu agradecia por estar viva ou por algo legal que me acontecia, a partir daquele dia, eu passei a agradecer por andar, enxergar, ouvir, falar, por ter o que comer, por ter água na torneira e um carro na garagem.

Se antes eu agradecia por ter um emprego, eu passei a agradecer por ter o privilégio de amar o meu trabalho, por ter gestores que admiro, por estar sempre motivada, pelo o meu salário e passei a abençoar o local onde passo a maior parte do tempo.

A lista de agradecimentos só aumenta, nunca diminui.

Em Janeiro desse ano, além dos meus agradecimentos diários, criei um caderno de agradecimentos e desejos, listei nele tudo o que eu me lembrava de agradecer, em outra parte, todos os meus desejos, em outra, os mesmos desejos com imagens coladas e em outra, meus projetos a longo prazo. Ele se tornou o meu caderno de visualizações e em paralelo, criei um pote de agradecimentos, e passei a colocar nele alguns agradecimentos, quando algo extraordinário acontece, eu corro escrever e colocar nele.

Eu criei o hábito de agradecer.

Antes de começar a escrever esse post, eu escrevi em meu caderno, com o mesmo título, 32 anos de gratidão, tudo o que eu me lembrava, desde pequena, e para a minha surpresa, foram quase cinco páginas de gratidão.

É claro que não vou escrever tudo aqui, mas não posso deixar de dizer que fora o que já citei acima, sou grata pela a família que construí, pela a filha que tenho, estudiosa e carinhosa, pelo marido que está longe de ser um príncipe encantado (se nem os personagens em minhas histórias são, por que ele deveria ser?), mas que me ama e cuida de mim e de minha filha com zelo e carinho. Por ter escrito Momento Errado e por ter tido inspiração para escrever Momento Certo e por continuar a escrever. Por cada comentário lindo que recebo por causa dos meus livros,


Gratidão também por todas as decepções que passei e por cada vez que estive no fundo de algum poço e encontrei forças para voltar à superfície.

Gratidão pelos quase 150 mil acessos em meu blog sobre dependência química e por cada pessoa que pude ajudar com ele e com minha história.

Gratidão por ter encontrado a minha recuperação para a codependência.

Gratidão pelas pessoas que entraram em minha vida, pelas as que passaram e pelas que nela ficaram.

Gratidão por todas as viagens que já fiz, em especial a mais recente, para Orlando.

Gratidão pela a minha saúde e a das pessoas que eu amo (e também a do meu cachorro).

Gratidão por eu não ter medo de amar.

Gratidão por ser quem sou.

Hoje, dia em que faço trinta e dois anos, tenho maturidade o suficiente para entender que não posso ter tudo o que quero, mas que posso agradecer pelo o que já possuo e percebi que fazer isso, me leva a conquistar não bens materiais somente, mas um bem que dinheiro algum é capaz de comprar: paz interior.

Portanto, seja bem vindo, meus trinta e dois anos! Vamos fazer desse ano, um ano maravilhoso!

domingo, 3 de julho de 2016

Ela era...



Ela tinha um jeito selvagem de encarar a vida, para ela, tudo era sentido ao extremo,
ela sobreviveu a tantas provações, enfrentou o desconhecido, fora brutalmente testada pela vida tantas vezes, lutou tantas guerras, e as piores delas foram aquelas travadas dentro dela mesma, em seu coração e em sua mente.

Ela tinha uma coragem invejável e uma vontade insana de ser feliz.

Ela não tinha medo de derramar suas lágrimas nem tampouco abrir o seu coração. E não só o abriu como também o entregou para aquele que ela julgou ser a pessoa certa a recebe-lo. Ela era intensa. do tipo que se jogava antes mesmo de calcular a profundidade, ela apenas seguia os seus instintos, eles eram o grande guia dela.

Ela tinha aquele dom de dizer que estava tudo bem, mesmo quando o mundo parecia desabar dentro dela, mesmo quando ela era sugada para um buraco negro dentro de seus próprios pensamentos e de seus medos. Ela sabia sorrir, mesmo quando a sua alma chorava.

Ela nunca fora aquele tipo de mulher que completa a vida do outro, ela simplesmente nascera para transbordar e nunca se contentou com nada menos do que isso. 

Ela era inquieta. Curiosa. Adorava saber sobre os astros, Deus, o universo e sobre os sonhos dele, o rapaz que ganhara o seu coração. E por falar em coração, ele era a sua força e também a sua fraqueza, tudo porque ela tinha um "que" para amores trágicos, daqueles que não tinham como dar certo. Histórias de amores impossíveis, sempre a atraíram mais.

 Ela tinha uma necessidade de se sentir amada que lhe crepitava a alma. Ela não desejava ter um príncipe encantado, ela nunca gostou deles, os achava entediantes, também nunca se sentiu como uma donzela em perigo, ela mesma era capaz de domar a fera e até se tornar amiga dela, mas ela gostava mesmo era daqueles que demonstravam coragem para desafiá-la.E era assim que ele era. Era isso que ele fazia a ela. A obrigava a ir além, a fazia visitar mundos nunca antes desbravados, a contrariava nas pequenas coisas e isso a irritava como um inferno. E ela o amava por isso.

Ela exalava mistério e tinha um jeito intrigante de sempre se recuperar das quedas, podiam quebrá-la em vários pedaços, mas, como a ave fênix, ela sempre ressurgia das cinzas.

Ela era do tipo que sempre encontrava um jeito quando as coisas não estavam indo bem, do tipo que consertava se algo se quebrasse, que arrumava quando algo virava bagunça e que recomeçava quando tudo acabava.

Ela era firme em suas escolhas e dedicada às suas convicções, mas ela era incapaz de magoar alguém por vontade própria.

Ela soube viver o amor, daquele tipo de amor que não se explica, apenas se sente. Aquele tipo de conexão que não se perde com o tempo, mas dona de um otimismo feroz, ela sabia que matar alguns sentimentos, fazia parte do processo, ela só queria que todos soubessem que foi em legítima defesa.


quarta-feira, 1 de junho de 2016

A nossa próxima vida pode ser essa

Existem algumas batalhas que devemos enfrentar sozinhos, sem a ajuda ou suporte de ninguém, onde temos que ser fortes e fiéis a nós mesmos e às nossas escolhas, onde não adianta buscarmos conselhos fora ou isentivo de alguém. São as nossas batalhas. Só nossas. Batalhas essas que possuem somente um adversário: o medo.

São aqueles momentos em que temos que encontrar o que nos motiva e nos apoiarmos a isso para não desistirmos. Normalmente nos deparamos em situações assim, quando queremos muito algo e por algum motivo, temos medo desse querer, é quando temos duas estradas a seguir e não sabemos qual delas escolher e por medo de escolher, muita gente volta para trás e desiste.

Esse é um daqueles momentos em que temos que nos arriscar, pagar pra ver, e se sentir temor, ir em frente mesmo assim. É quando devemos acreditar naquela teoria de que as coisas que dão mais medo, são as que mais valem a pena. É um daqueles momentos em que você decide que a sensação de pular de um bungue Jump, por exemplo, vale mais a pena do que a segurança de não pular. Aquele momento em que você se atira de cabeça em algo ou alguma ideia, mesmo quando todos dizem para você não fazer. Aquele momento em que, mesmo com todos os motivos do mundo para sentir medo e desistir, você se coloca à prova e despenca no Hollywood Tower, a sessenta metros de altura e sai de lá se sentindo a pessoa mais vitoriosa do mundo. Aquele momento em que você declara para alguém, ou então, joga tudo pro alto pra ir atrás de um sonho. O seu sonho.

Esses momentos são únicos... Não podemos perdê-los.

Temos que esquecer todos os "e se", apagarmos-os da nossa mente e pensarmos apenas que não há nada em errado em se arrepender de algo, desde que tenhamos tentado. Errado é chegar o fim da vida com todos os malditos "e se" zombando da nossa cara porque fomos covarde demais para nos arriscarmos.

O único medo que devemos ter, é o de não tentarmos. Ter coragem é ter medo e seguir em frente mesmo assim.

Não dá para esperar a próxima vida chegar para sermos felizes. Pra sentirmos o vento na cara, pra fazermos o que amamos, pra cair no mundo e fazer aquele viagem que tanto sonhamos, pra nos apaixonarmos (e também desapaixonarmos), para amarmos, seja esse amor por uma noite, ou, pra vida inteira.

A nossa próxima vida pode ser essa, ela está acontecendo agora, podemos estar desde a última esperando justamente por essa para fazermos tudo o que nela não fizemos.

Parafraseando Lulu, vamos viver tudo o que há para viver, vamos nos permitir!

E que se dane se esse negócio de outras vidas for tudo uma grande besteira, desde que sejamos felizes nessa.


segunda-feira, 30 de maio de 2016

O medo do reencontro




O rosto fino e meigo, emoldurado por longos cabelos e embelezados com incríveis olhos claros, esconde do mundo a tristeza que se instalou em seu coração desde que ele partiu.

Como uma garotinha que teme o seu próprio quarto quando chega o anoitecer, ela tem medo do que pode acontecer quando eles se reencontrarem.

Ela tem dúvidas sobre como reagirá ao olhar para o homem que tanto amou - e ainda ama. Ela teme se acovardar.

E se o tempo, a separação, a distancia, tenha causado neles algum dano irreversível?
E se eles não se reconhecerem mais? E se quando os seus olhares se encontrarem,  não enxergarem mais aquela paixão viva, aquele amor sublime, aquele sentimento que os sufocava e ao mesmo tempo, os libertava?

Talvez, nunca saber é melhor do que saber.

Ela tem medo, porque ela não é mais a mesma de antes, os tombos, as rasteiras que a vida deu, as decepções e todas as tentativas frustradas dela de ser feliz, a tornaram diferente e talvez ele possa não admirá-la como costumava admirar. Ela está amedrontada com a ideia de que talvez ele possa conhecer o seu pior, o seu lado frágil e isso afastá-lo de vez.

Ela tem medo de chorar na frente dele.

Ela teme e seu coração palpita forte em seu peito só de pensar que talvez, ao olhá-la agora, ele não veja mais a beleza que ele costumava ver. Talvez ele chegue a acreditar que foi apenas uma  ilusão criada por ele.

Ela tem medo porque ela praticamente conhece a alma dele, todos os seus defeitos e suas qualidades e por conhecê-lo tão bem sabe que ele desempolga com a mesma intensidade que empolga e isso a assusta tremendamente porque e se ele desistir sem nem mesmo tentar? E se ele pular fora antes mesmo de acontecer, quem irá juntar as mil partes dela espalhadas pelo chão?

E tudo o que ela mais quer, é vê-lo novamente. Uma única vez.

O seu medo agora a tortura, porque ela é consciente de que tudo pode acontecer quando se reencontrarem. E o nada também. E ela tem medo do vazio que isso possa causar.

E se ela não for capaz de calar a própria voz e dar vida aos sentimentos que tanto se esforça para esconder? E se ele perceber que aquela mulher forte que ele conheceu, estava apenas encenando? Se a verdadeira identidade dela for revelada, ele será capaz de admirá-la como antes?

Quando ele partiu para longe, ela se viu obrigada a desligar os próprios sentimentos, ela apertou o botão e automaticamente, deixou de ser a mesma. Tal ato a manteve protegida de possíveis frustrações, mas fez também com que ela se tornasse incapaz de criar laços, a levou a viver uma vida superficial, mas ela estava feliz, com seus breves romances e pequenos passatempos. Pelo menos era o que acreditava.

Mas agora, na eminência de um reencontro, ela teme, porque somente ele é capaz de ligar novamente esse tal interruptor e isso a assusta absurdamente, ela não sabe se conseguirá controlar todas as suas emoções, que há tempos estão trancafiadas.

Ela só quer vê-lo mais uma vez e esse querer é tão arrebatador, que a faz fugir de todas as possibilidades disso acontecer e é por sentir tanto medo, que ela tem medo.

domingo, 29 de maio de 2016

Saudade é...



Saudade é sentimento, emoção e sensação.
Saudade é aquela vontade absurda de estar perto, de abraçar e de beijar,
Saudade é lembrar da voz da pessoa mesmo sem ela estar por perto. É sentir o cheiro dela. É desejar desesperadamente estar com ela. É fechar os olhos e imaginá-la ao seu lado. É querer conquistar o mundo e oferecer a conquista a ela.

Saudade dói.
Saudade castiga.
Saudade judia.

Saudade é o nome dado para definir a dor que a ausência de alguém causou. Mas define também as lembranças boas que esse alguém deixou, afinal, ninguém sente saudade da dor ou do sofrimento. A gente sente saudade é do abraço apertado, do sorriso contagiante, do beijo gostoso e do olhar sincero onde mil palavras não são o suficiente para expressá-lo.

Onde há saudade, há uma história repleta de bons momentos. Onde há saudade, há amor. E enquanto essa saudade existir, esse amor existirá também.
Saudade é falta e presença. Doce e amarga. É dia. É noite.

Saudade é o efeito colateral de algo que foi bom. É a recordação do passado tentando permanecer no presente.

Saudade é o tudo e o nada. É frio e verão. É mais do que tudo, desejo de estar perto. É necessidade. É a mistura de lágrimas com sorrisos. É talvez, um dos sentimentos mais sinceros, só os que amam são capazes de senti-lo.

Saudade é querer estar sem poder estar.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Quando o não é um sim


Eu queria olhar em seus olhos e sem recuar, ser capaz de dizer não.
Eu queria conseguir te mandar uma mensagem dizendo para não me procurar mais e deletar a nossa história, como se deleta uma conversa no Whatsapp.

Queria apagar o seu telefone dos meus contatos e seu e-mail da minha lista.

Mas eu não posso.

Queria não sentir esse maldito frio na barriga toda vez que você me procura, queria não sorrir como uma boba quando ouço o barulho de nova mensagem recebida, queria não sentir o ar abandonar meus pulmões cada vez que você diz que está com saudades.

É que às vezes, você me desconserta.

Queria te chamar para tomar um café, ou então, um porre ao meu lado. Sentar em uma mesa de bar, dessas que ficam nas calçadas, no começo da tarde e só sair delas, no fim da noite. Talvez você tivesse que me carregar de volta para casa, ou talvez, pudesse me carregar para a sua casa.

Eu queria não sentir minhas pernas bambeares em antecipação a cada um de nossos encontros e queria que alguém apertasse o botão e fizesse parar essa roda gigante dentro do meu estômago. Você me tira a gravidade, me faz perder o meu eixo e com extrema facilidade, vira o meu mundo de cabeça para baixo.

Ou talvez, o coloca no lugar.

Eu queria que você soubesse que no fundo, para cada não que quero dizer, é na verdade, um sim desesperado querendo sair.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Sobre a difícil arte de esquecer alguém




Você acha que está superando, que com um pouco de sorte e mais o dobro de tempo, você vai conseguir esquecê-lo, você já não stalkeia mais o perfil dele, nem fica vendo se ele está online ou não no Whatsapp, evita o nome dele a todo custo e quando alguma amiga decide trazê-lo de volta das cinzas, você logo dá um jeito de desconversar para mostrar para ela como você está se saindo bem no projeto esquecer-o-cara-que-roubou-meu-coração, é então que sem esperar, ele, o Robin Hood dos corações,  resolve reaparecer, fazendo você se sentir como se estivesse em um daqueles jogos de tabuleiro, onde quando está quase na chegada, lança os dados e a temível "volte duas casas" surge.

E aí, ao invés de avançar, lá está você, voltando duas casas, ou, em outras palavras recaindo.

E a queda é grande. É como a recaída de um dependente químico, violenta, feroz. E por falar em dependente químico, bom, alguns especialistas dizem que realmente estar apaixonado é como estar viciado em algum tipo de droga, porque ambos, a paixão e a droga, ativam o mesmo sistema de recompensa no cérebro, isso explica a dificuldade em esquecer o tal Robin Hood, não é mesmo? Então, podemos dizer que não procurá-lo - e não corresponder, quando for procurada - é o primeiro passo na tortuosa trilha do "eu vou esquecê-lo" afinal, se você está tentando cortar o álcool, não vai deixar na sua frente uma garrafa de Whisky, certo?

Um sorriso no canto dos lábios até surge quando você repete mentalmente que o está esquecendo, que ele já não faz falta e como um mantra indiano, tenta se convencer de que não gostava dele tanto assim.

Mas, você estará enganado a si (sem o mesma, porque é redundante ) se achar que somente deixar de fuçar no perfil dele ou se esquivar dos reaparecimentos repentinos dele serão suficientes para esquecê-lo. Não, é claro que não. Esquecer alguém é quase uma arte, é incrível como conseguimos esquecer de nós mesmo com uma facilidade tremenda, mas, na hora de esquecer o tal ladrão de corações - e às vezes, de almas - falhamos miseravelmente.

Esquecer alguém, é um processo, não somente um ato. Você não vai acordar em um belo dia de sol e dizer: Pronto, esqueci! Porque se isso acontecer, bom, você acabou de lembrar. E não lembrar é um passo importante para se esquecer.

É preciso saber esquecer devagar, é como o luto, quanto mais o evitamos, mais o prolongamos. Esquecer implica em superar a saudade e caramba, sabemos como é difícil superá-la, mas ela só passa depois que nos machucou, depois que doeu,  temos que saber deixá-la chegar, permanecer e passar.

Vão dizer que você precisa sair de casa, dar um tempo da rotina, ocupar a cabeça, se divertir mais. Vão dizer tantas coisas. E será tudo em vão. Quanto mais fugir, mais difícil esquecê-lo será.

Então deixa de lado toda essa baboseira de fugir de todas as lembranças e deixa a dor doer, apenas sinta. Sinta a dor. A Saudade. As lembranças que tanto você foge e chore todas as lágrimas que precisa chorar, deixa elas caírem e afogarem você, porque a gente só consegue dar impulso para a superfície, quando estamos no fundo, nos afogando.

Esquecer é deixar o coração parar de lembrar e isso só acontece, quando a gente deixa de tentar.





terça-feira, 29 de março de 2016

E esse sempre, nunca acaba.





Quantas vidas mais eu ainda irei te amar?

Creio que a eternidade se tornou pequena diante de tanto sentimento. Talvez, somando-a pelo tamanho do universo e multiplicando o resultado pelo infinito, possamos ter um vislumbre de quando isso acontecerá. Pela primeira vez, eu questiono se o para sempre é mesmo assim tanto tempo e se o nunca, nunca deve ser usado de fato, porque a sensação que tenho é a de que te amarei para sempre, e que nunca serei capaz de deixar de te amar.

E como eu amo...

Amo a sua risada gostosa e debochada e a forma como você semicerra os olhos cada vez que ri. Amo a sua voz cadenciada que me causa pequenos choques elétricos. Amo a forma como o seu olhar reconhece o meu e sabe exatamente o que estou sentindo. Amo a forma como o meu corpo absorve a sua presença e a capacidade que você tem de me transportar para outros lugares.

Amo o seu bom humor e também o seu humor negro e divertido, que não deixa passar nada.

Amo o seu espírito livre e a ideia de um dia desbravarmos juntos esse imenso mundo. Amo a sua segurança e a forma como você consegue fazer facilmente com que todos gostem de você.

Amo até mesmo os seus defeitos....

Amo até mesmo quando você, impassível, tenta passar a imagem de alguém frio. Às vezes até funciona, outras vezes, nem tanto.

Amo o seu gosto musical e a sua obsessão por planejamento. Amo a cumplicidade que temos e as verdades que dizemos. Amo até o seu silêncio e todas as palavras não ditas. Amo o seu abraço. Não tem lugar melhor no mundo do que ele.

Amo os beijos urgentes, mas também os mais descentes. Após tanto tempo, amo por ainda sentir borboletas no estômago e frio na barriga quando estou com você.

Amo o seu jeito peculiar de dizer que me ama.

E se esse amor todo é do tamanho do universo, o tempo, é meramente uma partícula dele. Por isso, eu te amarei para sempre. E esse sempre, nunca acaba.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Sobre paixões à primeira vista


Ela soube que estava ferrada no instante em que ela te viu sentando naquele banco de madeira branco de tábuas tortas, com as mãos sobre os joelhos, olhando para a direção dela. O coração dela palpitou de uma forma diferente. Ele não acelerou e nem parou, apenas, palpitou diferente, em uma contraditória calmaria, fazendo ela sentir como se estivesse finalmente encontrado o cara certo.

Ela soube que estava em apuros, quando trocou com você as primeiras palavras e nervosa, fez alguma piadinha que o fez o rir. Quando você sorriu, os olhos dela brilharam de felicidade e ela disse a si que aquele era o sorriso mais lindo que ela já tinha visto e então, desejou silenciosamente, poder vê-lo sorrir mais e mais vezes.

Ela soube que aquilo não ia dar certo, quando sentiu uma vontade desesperadora de ver você de novo. E de novo. E de novo. E ela buscou motivos para isso, forçou situações e forjou encontros ocasionais, tudo porque mesmo sabendo que ela estava ferrada e em apuros, a necessidade de olhar para você, com a sua beleza estonteante e singular, era maior do que o medo das consequências por ela estar se rendendo tão facilmente àquele sentimento insano.

Ela soube que precisava fugir, quando percebeu uma inexplicável ligação com você, como se o coração dela tivesse reconhecido o seu e de repente, ela se pegou desejando saber o que te faz feliz, o que te deixa triste, quais são os seus sonhos, as suas metas, a sua cor favorita, as suas manias e se você gosta de The Beatles como ela.

Ela pressentiu que estava sendo sugada para um buraco negro no centro do universo quando o viu pela primeira vez colocar as mãos dentro dos bolsos em um gesto de timidez. Foram tantas outras vezes depois, que ela agora já sabe até em quais momentos você se esconde.

Ela viu o céu se inverter com a Terra quando você apareceu pela primeira vez com aquela camisa azul daquela marca de playboy com um A na frente e notou o quão malditamente sexy você fica dentro dela, com os seus fortes braços gritando em plenos pulmões "olhem para mim".

É... ela se perdeu, como alguém que se aventura a desbravar sem guia a Mata Atlântica , quando você sorriu e suas saltitantes covinhas apareceram pela primeira vez.

Sim, ela soube que seria você, porque  ela acredita que o amor nem sempre é calmaria, que ele às vezes nos faz enfrentar o desconhecido mesmo estando com medo e assustados e ela sabe que as pessoas passam a vida toda buscando exatamente aquilo o que ela encontrou... quando ela o viu naquele banco branco de madeiras tortas.


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