quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Parceiros do Crime

Você pode clicar aqui e ler esse texto ao som de Am I Wrong - Nico & Vinz

Eu sei. Eu não devia estar escrevendo, afinal, não há mais história para ser escrita. Essa carta, que mais parece um grito de adeus, talvez nem chegue às suas mãos. Talvez ela se perca no meio do caminho. Talvez eu mesma a faça se perder, dando a ela algum outro rumo menos doloroso do que esse.

Mas, é em nome da nossa história - que hoje não existe mais - mas que um dia existiu e foi bela, que eu estou a te escrever. Lágrimas nos olhos (como sempre), nó na garganta e aperto no coração. Sintomas já tão bem conhecidos por mim e que ainda me afetam de uma forma dura e cruel. Ouvir a sua voz novamente, após tanto tempo sem nenhum contato físico, fez passar em minha mente, um filme. O nosso filme. Trechos dos nossos belos e intensos momentos, dançaram em minha cabeça, trazendo lembranças adormecidas de como era gostoso olhar em seus olhos e depois disfarçar, envergonhada. De como a entonação da sua voz fazia me sentir segura e protegida. De como o seu meio sorriso me fazia me sentir feliz por ser merecedora de recebê-lo. 

De como eu o amava.

Eu fingi indiferença quando senti o toque macio dos seus lábios em minha bochecha, como se aquele ato não me afetasse em nada, como se eu não tivesse sido acometida por uma vontade arrebatadora de deslizar meus dedos entre os fios dos seus cabelos e te puxar para um beijo.

O nosso beijo.

Fingir indiferença é mesmo uma merda! Sorriso nos lábios. Soco no estômago. Mãos frias e suando. Pernas bambas. Lágrimas querendo desesperadamente escapar só pra ter o gostinho de dizer: Olha aqui, eu que mando nessa porra e eu vou escorrer por quanto tempo for necessário, entendeu? E eu entendi e na mesma hora virei o rosto, porque eu sei que essas malditas lágrimas não estavam de brincadeira, elas iriam me entregar em questão de segundos se eu continuasse olhando para o seu lindo sorriso-sinto-saudades-de-você.

E eu também sinto.

Sinto saudades das nossas loucuras, aquelas que compartilhamos durante tanto tempo. Éramos parceiros do crime - ou do amor. Eu era a Bonnie, loucamente apaixonada por você e você era o meu Clyde, altamente perigoso - para o meu coração - e extremamente excitante - para o meu corpo. Fomos leais um ao outro, assim como o casal de criminosos mais famoso do mundo foram. E o nosso crime foi o de não saber o que fazer com o que sentíamos. Não houve culpados, não houve julgamento. Apenas ausência de coragem.

Coragem para entrarmos em um carro dirigindo a 200 KM por hora, com o capô aberto e o vento chicoteando em nossos rostos, nos mostrando que podemos ser livres. O carro era a nossa vontade de ficar juntos, a velocidade, o que teríamos que enfrentar para isso e o vento, a recompensa por termos sido atrevidos demais para fazer tal loucura.

E nós não fizemos. E nem houve despedida ou coisa assim. Apenas os parceiros de crime deixaram de existir, eu desisti da vida de momentos intensos e você decidiu que era hora de cometer outros crimes por aí. Com outra pessoa talvez.

E aí, tanto tempo depois, seus olhos me prendem e me levam para uma outra dimensão e eu me pergunto se não devíamos ficar por lá, recomeçar nossos crimes em busca da felicidade.

Porque Bonnie nasceu para ser de Clyde e Clyde nasceu para amar Bonnie. Não importa o que aconteça.

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