quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Menina-Mulher


Eu a observo em silêncio todos os dias, Deus, ela cheira tão bem, talvez até seja um desses perfumes que todas as garotas usam, mas nela, ele se torna uma fragrância única e inconfundível.

Ela sabe se vestir como uma mulher, mesmo em um corpo tão pequeno e aparentemente frágil. Ela passa de saia e salto quinze, saia nos joelhos, escondendo aquilo que nos dá vontade de olhar: as pernas. Tem dias que suas unhas estão vermelhas e tem dias que nenhuma cor se faz presente, eu acho isso fascinante, a forma como ela não se preocupa em ser a barbie. Ela também passa de jeans, aquele jeans que aperta algumas partes específicas, mas, ela é tão cuidadosa que sempre que usa o jeans, uma camisa está propositalmente jogada em seus quadris, escondendo aquilo que tanto quero olhar. Ela sabe ser discreta. Menina-mulher.

Às vezes ela passa descabelada, despreocupada e eu seguro o impulso de jogar a sua mechinha fugida para trás da sua orelha, ele me olha e com os olhos, sorri. Eu dou a volta no mundo em fração de segundos. Ela não sabe, mas, meu prazer é vê-la desfilar pelo corredor colorido do shopping. Ela está indo trabalhar, eu, já estou trabalhando, trabalhando arduamente para não inventar uma desculpa para entrar naquela loja de lingerie e ir falar com ela. Posso dizer que quero comprar um presente para a minha mãe, não, isso soaria estranho demais, eu, beirando os trinta, comprando calcinha para a minha mãe? Não vai ser legal.

Droga, das quase duzentas lojas, ela tinha que trabalhar em uma loja de lingerie? Droga de novo, ela tá me deixando atônito com esse vestido verde, quero puxá-la pelo cinto e amarrá-la em mim. Menina-mulher, como é bela.

De hoje não passa, ela passa por mim e eu passo os próximos segundos repetindo mentalmente a palavra coragem. Coragem, dez segundos de coragem e lá vou eu, me deseje sorte porque ela é a menina-mulher mais linda que já vi e nem que eu tenha que comprar uma camisola para dar de presente à minha irmã que não tenho e que está prestes a se casar, eu vou entrar naquela loja.

- Oi, posso ajudá-lo?
- Oi, pode sim. Pega qualquer peça, embrulha para presente porque vou dar para a minha irmã que não tenho e por favor, coloca também um cartão com o seu telefone. Você pode me ajudar?

Ela sorri, me entregando um embrulho pink em seguida. Eu olho para dentro da sacola e vejo o cartão. Sorrio de volta e saio da loja com a certeza de que essa menina-mulher será minha, talvez hoje, talvez amanhã, mas, ela será.


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