sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Prazer, essa sou eu.


Hoje acordei com um propósito, sabe aqueles dias em que você pensa em fazer algo diferente? Pois é, esse foi o propósito: fazer algo que eu não costumo fazer. E você deve estar se perguntando agora:
- Mas que propósito foi esse que até mereceu um post sobre ele? Não, eu não acordei decidida a mudar a cor do meu cabelo, ou a  fazer uma tatuagem, ou, a saltar de bung-jump, embora a última opção ainda me tente devido ao medo que tenho de altura, fazê-lo, seria um ótimo propósito de superação, mas, como eu disse, não foi essa a ideia que tive, eu apenas acordei decidida a ir trabalhar sem salto alto. Simples assim, para alguns... Nada simples, para mim...Eu me propus a isso, e talvez pareça estranho e pequeno para muitos, mas, seguir em frente com a minha maluca ideia, não foi tão fácil para mim. Não para mim. Eu, que em dois anos de trabalho na mesma empresa, me permiti fazer tal ato simples, somente uma vez, essa, foi a segunda.

Dez minutos depois, a caminho do trabalho, já bateu aquele arrependimento, vontade de voltar para casa e escolher entre os vários sapatos de salto, um que me elevasse novamente. Mas, estava com o horário travado, e se, em dois anos, essa foi a segunda vez que tive essa ideia insana, nesses mesmos dois anos, nunca cheguei atrasada e não seria justo chegar só porque acordei com vontade de mudar. Segui em frente, nada confiante com a minha decisão. E você deve estar dizendo agora: - Garota, que drama é esse? É só um salto e nada mais... Eu sei, você está pensando algo a respeito e é por isso que preciso lhe explicar, não é somente a ausência do salto que tava pegando, foi a sensação estranha que senti quando comecei a andar pelo corredor da empresa que me fez ter a certeza de eu definitivamente havia tido a ideia errada, me senti como se estivesse nua, como se algo me faltasse, algo que praticamente já fazia parte de mim, os meus doze (às vezes quinze) centímetros a mais, eles começaram a fazer falta e esse sentimento de vazio, de nu explícito, me perseguiu ao longo da manhã, quando cada pessoa que me via, comentava que eu estava baixinha, pequenininha, diferente.

Sim, eu estava diferente, não que eu tenha problemas emocionais em relação ao meu tamanho, não tento escondê-lo, faço piadas dizendo que não tenho tamanho para fazer isso ou aquilo, e além do mais, não sou assim tão baixinha, a verdade é que eu gosto da sensação de poder que o salto me dá, como se eu adquirisse confiança quando estou em cima de um belo par de sapatos altos, fora que acho que a mulher fica mais bonita, elegante e por que não, sexy, em cima de deles.

E foi somente no final do dia que pude perceber o quanto eu estava preocupada em me manter "protegida" atrás dos meus saltos, sim, eles me protegem, ou, protegiam, porque agora eu percebo que pela primeira vez, me conformei em não vender para ninguém a minha imagem, eu fui trabalhar fantasiada de mim mesma,  sem me preocupar em agradar alguém, sem esperar a aprovação de ninguém. Eu fui porque decidi ser eu mesma e agora eu entendo a metáfora toda desse negócio, eu me libertei de algo que nem eu mesma tinha conhecimento e que me prendia, eu não acordei com um propósito de ir trabalhar sem salto alto, eu acordei com o propósito de fazer algo que me libertasse de mim mesma, que me permitisse ir além, o meu além.

Talvez, quem sabe, um dia eu consiga ir de havainas ao mercado, andar de rasteirinha pelo parque. Ainda é muito para fazer, mas, prazer, porque essa sou eu;

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