domingo, 26 de março de 2017

Que história você irá contar?



Você  vai vivendo e levando a vida, muitas vezes mais pelo impulso do que pelo propósito. Você acredita que está no controle só porque está constantemente fazendo escolhas, quando na verdade, está sendo manipulado por elas. Você vive como se fosse possível viver de novo a mesma vida, mas, basta uma notícia, um fato, um acontecimento, para fazê-lo sair do estado de inércia e passar a questionar a si mesmo se é assim, tão independente e tão dono do seu próprio destino.

Não precisa de muito, não é necessário uma sentença de morte ou uma perda grande e irreparável, apenas um sopro de tais sensações, apenas uma possibilidade, apenas a angustiante dúvida, a espera de um parecer que poderá ser a sua salvação ou condenação, já é o suficiente para fazê-lo duvidar de que se está realmente fazendo aquilo para o qual nasceu para fazer.

Você começa a questionar quando sente medo. Você começa a reescrever mentalmente a sua história e suas escolhas, quando a iminência de algo ruim o assombra, quando verdadeiramente sente que vai perder, se perder, ou perder alguém.

Você passa a indagar a sua existência quando permite que a incerteza do amanhã a corteja. Você a convida para se deitar com você e ambos não conseguem dormir. Será que fiz tudo o que eu tinha que fazer? Será que disse todas as palavras que tinha que dizer? Será que amei o suficiente? Será que fui amado o suficiente?

Perguntas como essas passam a ser suas companhias mais íntimas e secretas e sem saber as respostas, por precaução, apenas por precaução, lentamente você começa a se despedir de tudo e quando isso acontece, milagrosamente, você passa a reparar nos detalhes. Você observa o sol com admiração, olha para a lua com gratidão, encara o céu estrelado e se permite contar as estrelas, brinca de descobrir desenhos nas nuvens, curti as gotas de chuva que caem em seu rosto, sorri para um cachorro trapalhão, se encanta com uma flor no meio de nada.

Coisas pequenas, se tornam grandiosas. E as grandiosas, os problemas do dia a dia, se tornam pequenos.

Existem pessoas que vivem por oitenta anos e pouco possuem para contar, tudo porque viveram mediocremente, fugindo de qualquer adversidade, se escondendo de seus próprios sentimentos, tentando levar a vida mais pacata possível, se protegendo de frustrações, de se magoar e de magoar alguém.

E eu me pergunto: Que histórias essas pessoas irão contar?

Assim como, existem pessoas que em tão pouco tempo de vida, já viveram tanto que se a vida acabasse ali, naquele ponto, teriam não um, mas talvez três ou quatros livros contanto as suas histórias.

Talvez, o grande erro seja deixarmos as coisas para uma ocasião melhor que jamais chega. A gente tem por hábito, viver a vida como se ela fosse apenas uma simulação da vida real, como se pudéssemos viver duas vidas, e então, deixamos de lado o que realmente importa, com a intenção de para quem sabe, viver no futuro.

O futuro que você não sabe se chegará para você.

E então você se dá conta de que não se pode gastar o seu próprio tempo ensaiando o presente. Ele é a única certeza que você tem e não importa quanto tempo ele dure, ele sempre será o seu presente se você souber o que fazer com ele.

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