sexta-feira, 31 de março de 2017

Ao menos que...




Ele não era muito de falar. Não sobre seus sentimentos. Não com ela.
Ele podia conversar sobre astrofísica, sobre as pirâmides do Egito, sobre Deus ou sobre música, mas se dizia ser totalmente inapto a falar sobre o que sentia, como se houvesse nele uma espécie de bloqueio.
Quem era ele afinal? Como poderia ser tão fechado se sabia detalhar com maestria detalhes sobre ela que ninguém mais era capaz? Por que então se dedicava tanto a observá-la se não podia amá-la?
Qual era o seu temor que o fazia controlar as palavras e talvez, esconder seus sentimentos?
Ele era a manifestação da palavra incoerência, porque não fazia sentido o cara que possuía na memória lembranças vivas sobre ela, ser tão frio como ele mesmo costumava dizer ser.
Do que ele fugia? Como era possível ele se apaixonar e até amar todas e não sentir nada por ela? Logo ela, que segundo ele, era a única mulher com quem ele tinha uma conexão de verdade.
O que era ela para ele afinal? Seu passatempo? Sua válvula de escape? Seu equilíbrio?
Será verdade o que dizem: Que se não é possível dar nome a um sentimento, é porque ele não existe?
Pela primeira vez, ela desejou ter dele aquilo que qualquer outra pessoa tinha, menos ela. E se odiou por não ter.

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