quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O rascunho de uma carta

[ Leia ao som de James Blunt - Tears And Rain

Eu já comecei e apaguei esse mesmo texto por no mínimo três vezes. Meus dedos  já percorreram o Del por tantas vezes que cheguei a achar que eu não seria capaz de sair da segunda linha. Desisti, estou apenas escrevendo, sem me preocupar com os efeitos colaterais das palavras. Estou despejando um pouco do que eu gostaria de dizer olhando em seus olhos, eu preferi assim, escrever, porque já conhecemos os efeitos colaterais que a sua presença perturbadora causa em mim. O tipo de conversa cara a cara não iria acontecer, porque seu eu tivesse a oportunidade de ficar de frente com você, não a desperdiçaria para vomitar em você o meu vazio. Eu iria querer o seu beijo.

Fomos tão bons juntos, o tipo errado de casal certo, sabe? Nos conectamos de uma forma tão singular que eu cheguei a acreditar que seria assim por um bom tempo. Um tempo mais longo.  Na verdade, eu estou transbordando um mix de emoções e sentimentos um pouco desconhecidos para mim, não tenho muita experiência no quesito rejeições, sou um tipo estranha de pessoa, sei me jogar, mas, não sei nadar. E o tipo errado de casal certo foi deixando de fazer sentido. Você foi deixando de dividir comigo as suas conquistas e eu sufocando as minhas comigo. As suas dúvidas e agonias, nem sei mais se ainda são as mesmas. Eu queria saber.

Já troquei minha playlist e deletei as músicas que me fazem lembrar de você. Mentira. Elas estão todas em uma pasta, na mesma pasta, como sempre estiveram, eu só não tenho coragem de ouvi-las mais. É doloroso ouvi-las. Elas contam histórias. A nossa história.

Tive vontade de te mandar uma mensagem no final do dia, mas, desisti, como tenho feito ultimamente. É que se eu não der esse passo, me manterei segura. E tô precisando um pouco dessa sensação agora, você me deixou vulnerável e desprotegida, me fez perder o medo, mas também, o meu escudo. Estou parando de olhar as suas fotos, você parece não sorrir mais para mim quando as olho. Por Deus, como eu já sorri só por olhar uma foto sua e lembrar da sua boca gentil, tocando a minha. O beijo mais gostoso, sempre será o seu.

Eu perdi um pouco o controle. Você se controla demais. Já soltou as rédeas dos seus sentimentos alguma vez? Um dia, cheguei a achar que estava próximo a fazer isso, aí, algo aconteceu e parece que lhe fez recuar. Pode ter sido também somente a minha imaginação né? Talvez, você nunca tenha afrouxado as rédeas de fato. Fato é que eu gostaria que tivesse feito.

Eu queria te ver fazendo algo inusitado, sem planejar. Queria te ver saindo do eixo e queria ser eu a responsável por essa queda livre na gravidade zero. O problema é que você não me procura mais (e é aí que entra a tal da rejeição).Outro dia, usei aquele vestido que você gosta, mas, você não reparou. Hoje, coloquei meus cabelos de lado, tinha a esperança de que você iria falar algo, mas, fui obrigada a aceitar o silêncio das suas palavras. E tudo o que eu queria, era ouvir você dizer que me adora.

Apaguei de novo algumas frases. Melhor sem elas. Achei que escrevendo essa carta, seria mais fácil, engano meu. Acho que vou salvá-lo como rascunho e esperar a coragem voltar. Aí, escrevo pra você, tudo aquilo que na sua frente, sou incapaz de dizer.

Por enquanto, ela será apenas um rascunho. Como eu acho que fui para você.



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