quarta-feira, 7 de junho de 2017

Estradas













Eles se esbarraram em uma dessas curvas que a vida dá, não foi um evento histórico, épico ou catastrófico, mas algo sutil aconteceu e quando se deram conta, estavam ambos, seguindo por um caminho em busca de algo que os dois ansiavam, mesmo sem saber ao certo o quê.

Ele estava de um lado e ela do outro. Ficaram frente a frente. Olhos nos olhos, entre eles era como se houvesse apenas um pequeno riacho, que ora corria no mesmo sentido do que eles e, ora para o sentido contrário.

O percurso era longo, algumas vezes silencioso, e, enquanto caminhavam, separados por aquele riacho, aquele silêncio que costumava acompanhá-los acabou se tornando mais importante do que muitas palavras, através dele, eram capazes de compreender um ao outro, fazendo com que as palavras não ditas, tivessem infinita vezes mais significado do que aquelas ditas.

Mas nem sempre seguiram juntos o referido caminho, ele chegou a ficar um bom tempo sem fazê-lo, fazendo-a acreditar que deveria seguir sozinha dali para frente, até que algum tempo depois, ele a alcançou e os dois continuaram caminhando, um ao lado do outro, mesmo que separados, e sempre em busca de algo que ainda eram incapazes de compreender o quê.

Havia também dias em que ele não aparecia para fazer o tal percurso, e ela se sentia sozinha, triste, abandonada... ela já estava habituada à presença dele, ele sabia lê-la como ninguém, conhecia todas as suas manias, trejeitos e caretas, os dias em que ele não aparecia, eram solitários e sombrios.

Foram quilômetros e quilômetros de caminhada, tiveram tantos obstáculos, mas, quando pensavam em desistir, o outro está lá, encorajando com o olhar, mesmo quando o que os separava, não era mais somente um pequeno riacho, e sim, talvez um rio grande.

Eles sabiam que tinham que continuar. Que aquele rio que dividia o caminho dos dois, em algum momento, iria seguir outro percurso e finalmente, nada mais estaria entre eles. Eles ansiavam por isso tanto quanto ansiavam por aquilo que buscavam no começo da jornada.

Até que, de repente, não existia mais rio, e no lugar dele agora havia uma estrada, linda, arborizada, porém, com três pistas movimentas, com carros velozes, que não permitiam que qualquer um dos dois se aventurasse em atravessa-la e a esperança de um dia caminharem não somente um de cada lado, mas sim lado a lado, tornou-se apenas um sonho...

...O sonho que eles perseguiam quando começaram a jornada, sem saber que aquilo era o que queriam.



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