Talvez, nem tenha sido a primeira vez, mas é a primeira - de tantas outras vezes - que me recordo de como as nossas mãos pareciam terem ímãs, sendo atraídas uma para a outra, entrelaçando os nossos dedos como uma extensão da união dos nossos corpos.
Uma das minhas músicas favoritas tovaca nos alto-falantes, estava escurecendo, estávamos suados, e eu achei que apaixonados.
Mas era fantasia.
Talvez, nem tenha sido a segunda vez, mas me recordo de quando mais uma vez, com nossos corpos jogados sobre a imensa cama, suas mãos deslizaram através dos meus braços e seus dedos encontram os meus, entrelaçando-os, fazendo-me acreditar que aquele era o sinal da nossa conexão.
Mas era fantasia.
Provavelmente nem foi a terceira vez, mas me recordo de quando com os dedos entrelaçados, você levou as nossas mãos para cima da minha cabeça e enquanto fazíamos aquilo que eu achava que era amor, seu polegar acariciava o meu.
Mas não era amor. Era fantasia.
Muitas outras vezes se passaram, mas me recordo da sensação dos seus dedos ávidos em busca dos meus enquanto sua boca percorria minhas costas nua, minha nuca e mais uma vez, nossas mãos se uniram, me fazendo pensar que talvez, elas fossem o símbolo e a extensão da nossa conexão.
Mas era fantasia. Era ilusão.
Já faz algum tempo, mas eu me recordo da última vez em que senti as suas mãos sobre as minhas, entrelaçando os seus dedos aos meus enquanto eu tentava desesperadamente evitá-los, porque eu sabia que aquela seria a nossa última vez, eu sabia que a nossa conexão estava chegando ao fim.
Mas também era fantasia. Não o fim, mas a conexão.
Acontece que nas minhas melhores recordações de nós dois, sempre estamos assim, “conectados”, entregues, em uma intimidade singular, ímpar, de forma que agora, não sou capaz de imaginar outras mãos sobre as minhas, mas, engana-se quem acredita no que dizem sobre o significado de entrelaçar as mãos enquanto fazem amor, não é significado de entrega, amor ou paixão, é só um ato mecânico, por isso, agora eu sei.
Eu menti. Pra você e pra mim. Eu disse que eu estava protegida... protegida de você, mas agora sei que não. Eu nos enganei, não percebi que o muro que criei ao meu redor durante tanto tempo, era na verdade uma barreira de areia que você facilmente derrubou.
Você chegou como um furacão silencioso, sabe? Foi levantando poeira em cada cantinho oculto das minhas emoções, arrastando os móveis e também os meus sentimentos, mas ao mesmo tempo em que foi bagunçando tudo aqui dentro, você também foi colocando tudo no lugar, só que agora em outro lugar e eu tô com medo, entende? Medo de não encontrar mais as coisas como elas costumavam ser e de não saber lidar com essa reforma que o furacão de olhos verdes brilhantes, tão brilhantes quanto uma lua cheia em noites de verão, causou.
Você abriu a cortina dizendo que eu devo deixar a luz entrar, mas essa luz tá me ofuscando e eu não to conseguindo enxergar nada. Eu quero voltar pra segurança do escuro, mas sua voz não me deixa, ela fica aqui dizendo que está na hora de eu abrir a porta do meu armário e enfrentar meus monstros.
Eu to com medo da luz muito mais do que da escuridão que tenho vivido.
Eu virei do avesso, a casa agora está diferente, com alguns vasos quebrados e tem uma torneira idiota cheia de lágrimas que insiste em permanecer aberta.
Eu to sentada no chão olhando para o nada, pensando em tudo o que você me deu.
O problema é que eu nunca soube a hora certa de encerrar uma frase. Eu nunca sei colocar ponto final nas minhas histórias e eu não quero que você seja mais uma história sem fim.
Eu me apresentei nua para você, eu desci do salto e expus meus pecados, você me viu sem maquiagem, crua, com remendas e mesmo assim, eu vi seus olhos reluzirem admiração, você enxergou todas as minhas rachaduras e não se intimidou ou tampouco me julgou e agora você continua aqui em minha cabeça, dizendo que não devo desistir de ser quem sou.
Você elevou o nível para outro patamar, entende? Como agora eu posso aceitar nada menos do que alguém igual a você se são poucos como você?
I want what we have, but what´s broken don´t unbreak"
Chegou a hora, não é mesmo?
Ficamos juntos tempo suficiente para eu vê-lo tomar banho sem seus chinelos, mas não para você brigar comigo porque eu estou lavando a louça de forma errada, sem seguir aquela sua regra maluca de separar tudo primeiro para depois começar.
A gente até que fez bastante coisas juntos, não foi? Mas é claro, para mim, a eternidade de aventuras ao seu lado, nunca seria o bastante. Eu sei que eu jamais iria me cansar das suas manias, eu até já havia aprendido a gostar de algumas delas, mas sei também que você jamais se acostumaria aos meus defeitos e provavelmente iríamos brigar na primeira lasanha errada que eu fizesse.
É tão difícil dizer adeus na vida real. Nos livros de romance que leio, as histórias acabam sempre de duas formas: ou com o final feliz, ou com a morte de um dos personagens. A nossa história está longe de ser um livro de romance, mas eu estou aprendendo a matar as lembranças que teimam em surgir e a enterrar as memórias dos nossos momentos juntos. Eu não tenho um personagem para matar, mas tenho uma história para enterrar.
A gente nem chegou a ir acampar juntos, não é mesmo? Também não tomamos aquele vinho em frente a uma lareira e não fizemos amor no banco do carro.
A gente compartilhou tantas histórias, engraçadas, malucas, filosóficas e até aquelas mais difíceis, as sinceras...
Sim, a gente foi sincero um com outro, não fomos? Que culpa você tem se eu não soube interpretar? Que culpa tenho eu se você não soube me amar?
Amar... quando foi mesmo que você sentiu isso pela última vez? Porque você sabe que é possível sentir mais de uma, não sabe?
É uma pena não ter acontecido comigo, eu nunca esperei um para sempre, mas confesso que desejei ouvir aquelas três palavras que agora, soariam como vazias para mim. Nem sei se algum dia elas voltarão a fazer algum sentido, a gente tem o hábito horrível de se fechar quando as coisas não saem como a gente espera e nos causa alguma dor, né?
Eu não quero me fechar não. Só quero mesmo é me curar. Só preciso encontrar o remédio para isso, o antídoto que será capaz de reverter isso que ainda circula em minhas veias e bombeia sangue para o meu coração. Isso, que tem nome de amor, com efeitos colaterais desastrosos.
E por falar em desastre, como faço para não tornar a minha vida em um, agora que não terei mais você para sustentar minhas avalanches emocionais?
Eu amo você, sabia? Mas não quero mais amar. Dizem que amar e não ser amado, é um dos piores sentimentos, eu agora acredito que sim, porque dói pra cacete.
Dói pra cacete também não compartilhar mais as minhas descobertas com você, dói não enviar mais mensagens e tampouco aqueles e-mails com alguma matéria interessante que nos rendia depois horas e horas de conversas ao telefone.
Nem o telefone tem mais graça sem você. Dele, nunca mais sairá a sua voz, que sabia como ninguém me fazer sorrir - e algumas vezes, chorar.
Eu to chorando agora. Mas vai passar, despedidas são assim mesmo, né? Quando a gente diz adeus sem querer soltar a mão, o coração sangra e os olhos extravasam a dor através das lágrimas, mas pelo menos agora, não há mais dúvidas. Todos os "e se" foram eliminados, porque na verdade, eles nunca existiram. Nunca existiu um "e se a gente ficar junto" porque para isso, você precisava me amar. Nunca existiu um "e se eu tivesse feito X coisa ou dito Y coisa, porque o resultado seria o mesmo: você não iria me amar e eu sou movida a amor.
Amor. Coisa besta que nos deixa besta. Alguém uma vez disse. Até parece que esse alguém estava se sentindo besta, não é não? Eu estou.
Eu também estou com saudades de você, mas está na hora, talvez isso nem seja um adeus, talvez seja um até breve, que pode durar um mês, um ano, ou o resto de nossas vidas. Eu vou sentir saudades, mas eu tenho estado aqui tanto por você que já nem lembro mais como é viver sem você. E isso não é bom, eu preciso saber como é o mundo lá fora sem você em meus pensamentos, eu preciso descobrir se alguém vai ser capaz de me amar mesmo com todos os meus defeitos. Eu preciso descobrir se tudo o que vivemos juntos foi real, ou apenas fruto de um amor platônico de uma garota mais platônica ainda.
Eu preciso não precisar tanto de você. Eu preciso não precisar de você e de querer fazer parte da sua vida, da sua história.
E por falar em história, tivemos uma bonita, não foi? Fomos amigos, cúmplices, confidentes e amantes. Fomos fogo, paixão, tempestade e calmaria.
Fomos o que tínhamos que ser, até não sermos mais.
Até não sermos mais.
Um ano agridoce...
Ele foi assim, nem bom totalmente e nem ruim o suficiente para torná-lo horrível.
Um ano que começou com a notícia da publicação de Momento Errado, e seguiu com uma viagem incrível para o México, um ano que nos deu um grande susto com a minha vó e que também levou a minha tia.
Um ano em que levei a minha filha em seu primeiro show e que também a vi ter a sua primeira grande frustração com o cancelamento de outro show.
Um ano em que perdi meu sogro e que voltei a ter contato com meu pai.
Um ano de mudanças. Mudanças internas e também externas. Mudei de opinião sobre vários assuntos e mudei de casa.
Um ano em que segurei meu livro e que também o autografei.
Um ano em que conheci o Cristo e que tive uma sessão de autógrafos na Bienal.
Um ano marcado pela presença de amigos.
Um ano em que compreendi mais do que nunca que a saúde é mais importante do que qualquer coisa.
Foi um ano de novos desafios profissionais e mais um ano de amor e gratidão pelo o meu emprego.
Um ano de novas experiências. Um ano de algumas decepções e até frustrações.
Um ano completo, uma montanha de altos e baixos, onde eu aprendi a gritar e erguer os braços a cada nova descida e a recuperar o fôlego em cada nova subida.
Um ano em que no último dia, será como em todos os outros anos, onde nos últimos dez segundo dele, me lembrarei de cada motivo que tenho a agradecer e iniciarei o próximo ano cheia de esperanças de que ele seja tão bom ou melhor do que esse.
Pode vir, 2020. Eu estou pronta para fazê-lo épico!
Estamos prestes a encerrar uma década e esses últimos dez anos foram inesquecíveis.
O que aconteceu com você em 10 anos?
Comigo:
- Decidimos ter um cachorro e escolhemos o Yoshi - nosso sharpei preto lindo.
- Comecei em um emprego novo que amo
- Viajei para Angra dos Reis
- Escrevi Valeu a a Pena - A jornada de uma Codependente e criei o blog com o mesmo nome
- Por causa do livro, fui matéria do jornal O Estado de São Paulo, Tribuna de Indaiá e também dei entrevista ao programa de TV Resenha.
- Por causa do blog, tive contato com pessoas incríveis e compartilhei com elas momentos de dor e superação.
- Reconheci a minha codependência e iniciei a minha recuperação.
- Aprendi a viver o só por hoje.
- Aprendi a amar e admirar o caos.
- Aprendi a apreciar os pequenos momentos.
- Escrevi Momento Errado e publiquei na plataforma Wattpad e de repente, estava sendo citada por leitores como a JoJo brasileira. (Juro que não sei o motivo hahaha).
Voltei a tomar Coca-Cola com o fim da promessa de 10 anos sem.
- Fiz minha primeira grande road Trip, para o sul e conheci Gramado, Canela e subi no maior Cânion do Brasil, em Cambará do Sul.
- Mudei de casa.
- Recebi uma proposta de uma grande editora e por causa dela, conheci a minha agência literária.
- Realizei o sonho de ir pra Orlando, chorei ao abraçar o Mickey, enfrentei meu maior medo e superei o trauma de infância e despenquei (dessa vez em um brinquedo) do elevador mais assustador do mundo. Chorei de emoção pela superação.
- Dei alface para uma girafa.
- Revisei ME com minha agência e amei o resultado.
- Escrevi Momento Certo pra dizer que a pessoa que vem é a pessoa certa, que aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido, que toda vez que você iniciar algo é o momento certo e quando algo termina, ele termina.
- Conquistei o carinho de leitores do Brasil inteiro.
- Escrevi Em todos os Momentos
Fiz novas amizades que já fazem parte das nossas vidas
- Fiz minha segunda grande Road Trip, dessa vez pra Bahia e me apaixonei por Arraial D’Ajuda.
- Perdi a minha sogra.
- Um dia antes de completarmos 14 anos juntos, realizei o sonho de casar e foi exatamente como eu sonhava.
- Viajei para o Chile, conheci Santiago, Valparaiso, Vina del Mar e subi a cordilheira até Embase e os Termas.
Perdemos nosso Yoshi após 9 anos com a gente.
- Descobri que às vezes, o avesso é a nossa melhor versão.
Adotamos o Hero, nosso vira-lata maluco
- Viajei com amigos pra Monte Verde e tive um final de semana insano.
- Assinei contrato com minha editora.
- Escrevi Todas as lembranças que não posso esquecer (em revisão com a agência)
- Recebi minha segunda placa de reconhecimento da empresa.
- Tive a maior experiência profissional e pessoal de todas ao viajar sozinha para o México a trabalho e passar um FDS turistando pela cidade mais linda do país - Guanajuato
- Participei de uma Callejoneada e chorei.
Finalmente conheci Campos do Jordão e tive coragem de fazer arvorismo e descer de tirolesa
- Lancei Momento Errado na FLiP
- Perdi a minha tia no dia do meu aniversário
- Dei autógrafos na Bienal do Rio e me apaixonei pela cidade maravilhosa
- Fui ao show do Maroon 5, Ira, Biquíni Cavadão (2x), Jason Mraz, Ed Sheeran (2x) e U2.
- Conheci pessoalmente leitoras minhas de várias partes do país
- Perdi meu sogro semanas antes do natal
- Mudei de casa de novo e estou apaixonada.
Gratidão por uma década de grandes e pequenos momentos.
Já virou hábito, todo último dia do ano, aqui estou eu, fazendo uma retrospectiva, renovando a minha lista de desejos e agradecendo.
2018 foi com certeza um dos melhores anos da minha vida. Um ano de realizações e aprendizados.
Tive o casamento dos sonhos, foi exatamente como imaginei. Não, pera, foi mais, muito mais, porque naquele momento em que a noiva entrou sozinha e flutuando, não existia no mundo, ninguém mais feliz do que ela.
Teve também a viagem para o Chile, fiquei fascinada por aquele povo e aquela cultura, Santiago é uma cidade cosmopolita, com seus encantos, mas o que faz a diferença mesmo é o seu povo. Amei também conhecer Vina del Mar e Valparaiso, mas a cereja do bolo dessa viagem, com certeza foi subir a Cordilheira dos Andes até Cajon del Maipo e depois até o Vucão, foi surreal e incrível, era algo que via nas fotos e de repente era real, lá estava eu.
Um mês depois, senti uma das maiores dores do mundo. Meu Deus, como doeu e ainda dói... eu perdi meu Yoshi, meu sharpei preto e bochechudo que mais parecia um peixe boi. Foram nove anos de puro amor. Só amor.
Esse ano foi um ano maluco, talvez ainda encontre outra palavra para ele, ( quem sabe caótico, já que gosto tanto do caos) mas nesse momento, essa é a única que me vem à mente. Foi o ano em que me libertei de muitos sentimentos, que coloquei pra fora, que falei, que deixei fluir e que lancei ao universo, aceitando as recompensas e consequências por isso.
Foi também o ano em que enxerguei com clareza que algumas coisas simplesmente não são para ser. Eu finalmente me dei conta de que fins são necessários para novos começos.
Esse ano foi também um ano cheio de surpresas com seus pequenos bons momentos, aprendi a gostar de Jazz e Blues, tive encontros mágicos com pessoas que amo muito e, por falar em amor, ah... como eu amei esse amo, como eu amei durante esse ano. Amei sem medo da rejeição, amei sem saber se ia ser amada de volta, amei sabendo que talvez não, amei sabendo que talvez sim, amei com todo o meu coração, amei minha família, amei meus amigos, amei pessoas importantes para a minha vida, amei o caos. Ah... eu e a teoria do caos que sempre tanto me fascina. Esse ano Momento Errado ganhou uma casa literária e será publicado em 2019, também me arrisquei a escrever três contos para essa mesma casa literária e amei o resultado. Esse ano eu terminei um livro novo e não vejo a hora de poder falar sobre ele.
Eu ainda tenho uma lista de coisas para fazer e o curioso é que esse ano, fiz coisas que nunca estiveram nela, ainda não fui para a Irlanda, ainda não vi a explosão de cores da Aurora Boreal na Noruega, ainda não fiz a rota 66, ainda não comprei uma casa, ainda não... ainda.
Talvez nem faça mesmo tudo porque afinal, outras coisas vão entrando e algumas saindo. Algumas dependem de mim e outras, nem tanto. Mas não importa, foi um ano mágico para mim, o ano em que estive muito próxima da minha maior realização, foi um ano sensacional, mesmo com toda dor.
Ele era a luz que a iluminava e a guiava.
Ele trazia vida à vida dela. Ele sabia tirar dela os melhores sorrisos e também,os mais intensos suspiros. Ele era imperfeitamente perfeito para ela, com toda certeza, eles bugavam qualquer matemático, afinal, eles eram contra todas as probabilidades.
Ele era complicado e ela confusa.
Ele gostava dela e ela amava ele.
Eles eram polos opostos que se atraíam e nunca repeliam. Ele era o mundo paralelo dela enquanto ela desejava um dia, ser real.
Mas ele gostava dela enquanto ela amava ele.
Ele era a sua luz e ela, a mariposa que mesmo sabendo que ia se queimar, voava em direção a ele, ela preferia as marcas da queimadura em seu pequeno corpo do que voar livre para outros céus.
Ela amava ele enquanto ele gostava dela.
Ela não era capaz de ficar longe dele, a força da sua luz sempre a encontrava, principalmente nos dias mais escuros, era ele o único capaz de fazê-la sonhar.
Um dia, talvez por se dar conta de que a estava queimando, ele decidiu que iria apagar a sua luz e deixar então que a mariposa pudesse voar, ele só não sabia que a mesma luz que a queimava era que a mantinha viva, se ele a apagasse, estaria condenando-a a uma vida na escuridão, a luz dele era a que a dava esperanças de que algum dia...