terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Coisas que ela aprendeu com você

[Leia ao som de Imagine Dragons - Demons]

Outro dia ela me disse que ainda não entendia o motivo dela ter te conhecido, eu vou falar pra ti, tive uma vontade de dizer que ela só o conheceu para aprender o quanto é forte e o quanto merece ser feliz, mas, eu me detive e disse apenas que você cumpriu a sua missão: A fez feliz, mesmo que a eternidade que ela esperava que durasse, tenha sido uma eternidade tão pequena. Sim, cara, você me deve uma por isso e eu vou cobrar caso você a faça chorar novamente, mesmo que sem querer fazer. 

Depois disso, ela se sentou em um canto, com um pequeno caderno nas mãos e pois-se a escrever. Parecia que ela estava escrevendo o testamento de Deus, de tão compenetrada que estava, com a caneta em suas mãos, movimentando-a freneticamente sobre o papel. Eu não quis perguntar o que ela estava escrevendo, apenas me sentei ao seu lado e esperei. E esperei mais um pouco. E mais um pouco de novo. Após cerca de uma hora de espera, em silêncio, ela me entrega o seu caderno, como se estivesse entregando o manto sagrado, e nele, ela havia feito uma lista cujo o título era: 

Coisas que eu aprendi com ele. 

Juro pra ti, eu tive vontade de rasgar o papel, como ela consegue listar o que aprendeu com você se tudo o que eu a vi aprendendo fazer, foi chorar a sua falta? Ela deve ter percebido a minha má intenção, porque ela arrancou o caderno das minhas mãos e decidiu ler em voz alta:

Ele me ensinou a fazer cálculo. Sim, eu nunca fui boa com fórmulas, ainda mais aquelas que ficam entre parênteses, e ele pacientemente fez um resumo para mim, talvez eu nunca mais o use, mas, ele me ensinou.

Aprendi também a gostar de MPB, antes, em minha playlist, tocava apenas as top internacional, agora, os nomes em inglês que muitas vezes sou incapaz de pronunciar, se misturam com nomes como Telegrama, Caçador de mim, Impossível e por aí vai.

Ele me ensinou a ter confiança em mim. Ele me viu de todas as formas possíveis, de salto, sem salto, cabelos soltos, cabelos presos, maquiada e de cara lavada, deitada, de lado, sorrindo e também, escondendo o choro, e ainda sim, a palavra linda foi dita.

Aprendi a controlar a respiração e a segurar a tremedeira, sim, praticamente desenvolvi técnicas novas de yoga, porque estar com ele me causava tantas reações diferentes que fui obrigada a aprender a lidar com elas. Ele me ensinou isso.

Ele me ensinou a rir de mim mesma, quando eu caí na frente dele, um tombo histórico, digno das videos cassetadas do Faustão, rimos juntos e agora sou capaz de rir de mim. Eu aprendi isso.

Aprendi que Deus tem um plano para todos nós, o Plano da Felicidade e que Ele, quer que sejamos felizes. Foi ele quem me ensinou a entender esse tal plano.

Ele me ensinou a ter ambição. Me ensinou que saber aonde queremos chegar é o primeiro passo para se chegar. Ele me ensinou a sonhar e a desejar.

Ele me ensinou muita coisa, só não me ensinou como não amá-lo.

Quando ela terminou, eu a abracei e então compreendi, ela a ensinou ser feliz.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

E de que adianta enterrar se o cemitério está nela?

[ Leia ao som de Impossível

Enquanto Biquini Cavadão canta Impossível ao fundo, ela vive uma sessão nostalgia presa em seu próprio e suspenso mundo. Já fazia algum tempo que ela não tinha essa recaída por ele, em queda livre, diga-se de passagem. Relendo algumas mensagens trocadas e e-mails respondidos, ela se depara com uma frase dele: " um dia você vai superar, você vai ficar bem". Deus, só ela sabe o quanto ela odiou ler aquilo há meses atrás. Tem frase menos consoladora do que essa? Quem, na face da terra acredita que realmente essa frase de efeito clichê é capaz de trazer conforto para quem está sentindo dor, aquele tipo de dor que analgésico algum é capaz de curar?

Ela retorce os lábios e sente quase o mesmo ódio que sentiu quando leu a tal frase pela primeira vez, dessa vez, nem foi tanto ódio dele, mas sim por não ter acontecido como ele disse que iria acontecer. Já deveria ter acontecido. Ela já deveria ter superado. Ela deveria agora, estar buscando boca nova para beijar e alguma outra mão macia para acariciá-la, mas, ela ainda se sente presa a ele, mesmo sabendo que os olhos dele já não a procuram mais.

Movida pela frustração, ela clica em "apagar e-mail" e como já era esperado, após alguns minutos olhando para a tela, ela clica em "cancelar". Agora, o ódio é por não ter acontecido, por ela não ter superado e também por ser fraca demais até para apagar um simples e-mail datado de tempos atrás. São tantas lembranças que ela foi obrigada a encaixotar e enterrar que às vezes, ela se pergunta se sobrará espaço para mais alguma frustração ao longo da sua vida, definitivamente, ela não sabe se suportará mais alguma agulhada em seu pequeno e agora pouco saltitante coração.

Quando o fim aconteceu, ela buscou forças dentro de si mesma para conseguir cavar o buraco para enterrá-lo, foram momentos de dor, a cada pá de lembranças que ela enterrava, lágrimas de saudades lhe escorriam a face e mesmo doendo, ela conseguiu, após algum tempo, jogar a última pá de lembranças sobre os seus sentimentos e enterrá-lo de vez, o que ela não percebeu é que de que adianta enterrar, se o cemitério está nela?

Ela ainda o sentirá forte e presente em sua vida, como uma lembrança gostosa e ao mesmo tempo amarga, como algo que não acabou, mesmo tendo acabado, porque o que ela sentiu, foi real demais para ser esquecido e sentimentos como esses, permanecem vivos, mesmo estando enterrados.


sábado, 15 de fevereiro de 2014

Passeando pelo tempo

Há quem diz que a vida aqui nesse mundo, é apenas uma passagem para o próximo, mas, e aí, devemos por causa disso, apenas viver, esperando pela próxima vida? Seria correto, apenas passarmos por ela? Oh, não, eu não acredito que seja,  não seria, de forma alguma, justo com o Universo, com o Criador, que nós apenas vivêssemos esperando pelo o amanhã melhor.

Esse amanhã melhor tem que ser hoje, porque se não, ele nunca será.

E se pudêssemos, como no filme "Questão de tempo", voltarmos ao passado? Teríamos nós, a coragem de revivermos os momentos de dor, de tristeza, de frustrações e decepções, uma vez que, são esses momentos que nos fazem crescer e sermos fortes, ou, optaríamos por apenas revivermos os bons momentos, os de alegria, de sorrisos, passeios e vitórias? Conseguiríamos reviver aquela decepção amorosa novamente? Aquela que nos fez ter a sensação de que o mundo perdeu o sentido e nada mais parecia ser importante a não ser aquela pessoa que ironicamente foi a causadora da nossa dor. Ou iríamos apenas reviver o momento em que nossos olhares se cruzaram pela primeira vez e o mundo pareceu sair de órbita, dando sentido a toda a a nossa existência? Escolheríamos passarmos novamente pela frustração de não sermos aprovados na primeira fase do vestibular da faculdade mais concorrida do planeta, ou de sermos reprovados naquela importante entrevista de emprego? Ou, iríamos escolher viver novamente a sensação gostosa da aprovação?

E quanto a dor da perda? Alguém, será que escolheria viver novamente o dia em que perdeu alguém querido? E se, nesse mesmo dia de dor, foi também o dia mais feliz da sua vida, como por exemplo, antes dessa perda, você e esse alguém reataram laços minutos antes da partida, ou, apenas foram sinceros um com o outro como nunca haviam sidos antes, dizendo o amor que sentiam, alguém estaria disposto a reviver a dor da ausência para poder sentir um pouco antes, a alegria plena?

E se pudêssemos, viver duas vezes o mesmo dia? Na primeira, seria o dia normal, onde iríamos nos estressar, chatear, sorrir, ficar apreensivos, ter medo, relaxar e na segunda, por já termos vivido ele, poderíamos aproveitar tudo, sabendo que esse tudo, seja bom ou ruim, vai passar. Talvez, tudo o que sofremos na primeira vez do dia, se transformasse em algo pequeno quando o vivêssemos pela segunda vez.

Mas, nós não podemos, nem passear pelo tempo, nem revivermos o mesmo dia mais uma vez, e há um motivo para isso: Nós só somos quem somos e o que somos, devido a tudo o que vivemos e quem fomos nos dias anteriores. Cada erro e cada acerto, foram e são essenciais para essa pessoa que nos tornamos, agora, nesse momento, hoje. O que nos resta, é agradecermos por cada sorriso dado e também por cada lágrima derramada, elas fizeram com certeza os sorrisos que vieram depois, terem mais valor e sentido. O que nos resta, é sermos gratos por cada conquista que tivemos, mas, agradecermos também as derrotas que nos fizeram cair e nos impulsionaram a recomeçar. O que nos resta, é vivermos o hoje e não apenas passarmos pelo o hoje.

Por dias mais intensos em nossas vidas, onde sejamos capazes de agradecer uma gentileza na rua, observar a beleza ao nosso redor, ouvir o som dos pássaros pela manhã sem nos irritarmos, sorrirmos com o sorriso de uma criança e sermos fortes com os testes que a vida precisa nos fazer passar.

Porque o que nos resta, é vivermos o hoje e nada pode ser melhor do que o hoje!

domingo, 2 de fevereiro de 2014

O que eu quero dizer...

E foi lendo um poema do Leminski que a ficha parece ter caído, foi como se ele, quando o escreveu, tivesse escrito para mim, quando ele diz: "O que quer dizer, diz. Não fica fazendo o que, um dia, eu sempre fiz." Ele está sim, dizendo isso para mim e bem, você me conhece bem, não é mesmo? Você sabe que eu levo meio a sério esse negócio do destino, você sabe que eu acredito que há por aí, uma força cósmica maior do que tudo e que essa força nos rege, nos move, nos para, nos segura, nos incentiva e também nos retém. Então, talvez, tenha sido essa mega força cósmica que me fez ler esse poema e me fez de uma vez por todas, dizer o que eu sempre quis.

Leminski diz que, só dizendo num outro o que, um dia, se disse, um dia vai ser feliz. Pois é, eu tô cansada de cultivar essa dor e acho que esse é o dia. Na verdade, esse dia já devia ter acontecido, desde o dia em que vi em seus olhos e ouvi em seu silêncio tudo aquilo o que eu não estava pronta para ver e ouvir. A sua fala do papo incrível, sexo ótimo e vontades parecidas, era nada mais do que você dizendo adeus a tudo o que nós possivelmente poderíamos ser. Eu sei, você não é de se aprofundar. Agora eu sei. No começo, eu pensava que era apenas você se escondendo de você mesmo, tentando fingir nada sentir porque eu acreditava que esse mundo de gostar era um pouco estranho para você, mas, eu errei, você sempre falou a verdade e eu é quem arranjei uma desculpa para a sua verdade. Você não é de se aprofundar, não porque tem medo de fazê-lo, mas, sim porque esse é você, o cara que se cansa fácil das coisas, pessoas, experiências.

No fim, eu percebi que contei uma grande mentira pra mim mesma, quando eu dizia que você tentava ser na verdade, uma pessoa que não era, eu mentia pra mim, dizendo que você no fundo era o oposto do que se mostrava pra mim, que essa casca, era na verdade o seu medo camuflado. Quão tola eu fui, você sempre foi real e eu é que não percebi que o seu real, era o oposto do que eu achava que era, eu lhe criei uma fantasia de príncipe, um príncipe que você nunca propositalmente quis ser.

Então, agora, eu digo, éramos bons, mas, não um para o outro.
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